Comprar um filhote ou assessorar a compra dum filhote é uma tarefa ingrata, se for encarada profissionalmente. O método correto de escolha elimina o fator afetivo.
A eleição deverá ser feita com base na análise das características particulares de uma raça e a comparação com a lista das necessidades do futuro proprietário. Os temperamentos deverão ser compatíveis e os génios, irmãos.
A boa aquisição é aquela que irá satisfazer o futuro proprietário, preenchendo os requisitos por ele listados.
A melhor maneira de decidir as respostas, com precisão, é fazendo perguntas apropriadas. Uma espécie de check-list.
Quanto à finalidade
1) Cão de serviço
— Para convívio com a família.
— Para função, tão-somente, de serviço.
2) Cão de guarda e companhia
— Para convívio com crianças.
— Para convívio somente com pessoas adultas.
— Para convívio, inclusive, com pessoas que não gostam de cães.
Obs.: A escolha deverá ser mais rigorosa no item temperamento.
Macho ou fêmea
"O macho é mais pesado, mais duro e menos dado a brincadeiras, enquanto a fêmea é mais dócil, meiga, compreensiva, ciumenta e altruísta, em todas as raças." (Romão Silva)
1) Guarda pessoal
— Dentro da residência.
— Em território móvel.
— Na via pública.
Obs.: A escolha deverá recair numa fêmea, por ser mais ciumenta que o macho.
2) Guarda territorial
— Território rural.
— Território residencial.
— Território industrial.
— Território comercial (com público).
— Território burocrático (escritório).
— Território militar.
Obs.: A escolha deverá recair num macho, porque sua tarefa na matilha sempre foi de guardar e preservar a área territorial ocupada.
Assim que estiverem decididos a raça e o sexo, o próximo passo será a obtenção do padrão da raça escolhida. É da maior importância a visita ao maior número possível de criadores da raça, para se familiarizar com as características psicológicas e com sua estrutura morfológica.
Os quesitos em presença da ninhada
1) Faltas desqualificantes — na leitura do padrão da raça, anote todas as faltas desqualificantes antes de visitar a ninhada pretendida. Atenção especial para a presença dos dois testículos, cuja falta é desqualificante em todas as raças caninas e não vem expressamente descrita nos padrões.
2) Faltas muito graves — caso não forem desqualificantes, observe as seguintes faltas graves e, a não ser que sejam expressamente aceitas pelo padrão, recuse:
— Filhotes com olhos claros (exceto Weimaraner, Husky, Collie e o Dogue Alemão arlequim).
— Prognatismo (Desenvolvimento ósseo desigual e maior da maxila em relação a mandíbula.) acentuado (mais de 7 mm).
— Enognatismo (Enognatismo — Retrognatismo, desenvolvimento ósseo maior da mandíbula.), exceto o Boxer, Lhasa, Shih-tzu, Pequinês, Bulldog etc.
— Manchas na trufa e/ou outros sinais de despigmentação.
— Timidez e/ou medo de barulhos.
3) Faltas graves — Evite comprar:
— Filhotes mal desenvolvidos: raquíticos, magros ou tristes.
— Com manchas brancas no peito, nas pontas das patas, na cabeça e na ponta da cauda, a não ser que estejam descritas no padrão da raça.
— Totalmente brancos, a não ser que esteja descrito no padrão.
— Com os ergots (unhas-de-lobo) sem amputar, a não ser que exigidos pelo padrão (Pirineus, Briard, Bauceron etc).
Método de escolha
1) Nunca chegue num canil com ares de profundo conhecedor.
2) Nunca pergunte se alguém já fez uma escolha antes de você: esse filhote poderia ter sido mal escolhido, não ter nascido, já ter morrido, ou poderia, no futuro, ter um mau desenvolvimento.
3) Selecione sempre por eliminação. Decida-se pelo sexo imediatamente. Retire do conjunto os filhotes recusados e deixe as dúvidas para a escolha final.
O critério
1) Bom temperamento — Observe a alegria e a liderança. Veja como os filhotes reagem na presença do dono do canil: repare se os filhotes têm medo, se se assustam à toa. Repare como* se comportam com os outros filhotes. Peça ao criador para separar e retirar logo os que estiverem quietinhos num canto enquanto os outros brincam. Jamais assuste um filhote propositalmente; o dono do canil se aborrecerá com toda razão. Peça licença e faça algum barulho, sem que eles percebam sua procedência, como bater palmas fortes, e peça que retire os que se assustarem e se esconderem. Cuidado! Não descarte os que se refizerem do susto. (Essas dicas valem para qualquer raça.)
2) Boa movimentação — Observe o filhote enquanto ele estiver andando. Aquele que não conseguir movimentar-se, alternando a passada traseira, deve ser descartado. Os filhotes que conseguem alternar as passadas traseiras, certamente terão melhor movimentação quando estiverem crescidos.
3) Desenvolvimento correio da ossatura — Observe se o diâmetro do metacarpo está bem desenvolvido.
4) Saúde perfeita — Em dia com a vermifugação, examine o ventre e verifique se apresenta erupções do tipo brotoeja, com ou sem pus. Examine os olhos, principalmente quanto à presença de corrimento ou quanto à cor da conjuntiva, rosada ou pálida. Nunca leve um filhote com diarreia ou sem apetite.
5) Cauda e ergots — Dê mais uma olhada no padrão da raça para saber se a cauda deve ser amputada ou não. Os ferimentos cirúrgicos da amputação da cauda e dos ergots deverão estar completamente cicatrizados.
Depois de adquirido o filhote e antes de chegar em casa, passe pelo veterinário de sua confiança, solicite um check-up e inicie o programa de vacinação imediatamente, independentemente das vacinas que ele já tenha tomado no canil onde nasceu. É aconselhável que você tenha todo o controle de vacinação em seu poder. Siga as instruções de cuidados e tratamento do médico e não o leve à rua antes de completar todo o programa de vacinação.
Após completado o programa de vacinação, permita que ele tenha suas aventuras sem interferir e ature suas traquinagens de filhote. Boa sorte!
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