Origens e desenvolvimento do cão de guarda:

Pode-se especular muito sobre as primeiras pessoas que conviveram com cães, inclusive, se foram, realmente, pessoas ou Homens de Neanderthal os primeiros a conviverem com cães, mas isso, cremos, não deve ser muito importante. Desde as tribos nómades da Pré-História tem-se registro de convivência dos primeiros humanos com os primeiros chacais, ancestrais do nosso cão hodierno.

É claro que a ideia de treinar, amestrar ou adestrar, como queiram, também não tem uma data precisa para seu início. O registro que vai nos importar é a data aproximada e as razões sociais que levaram os humanos a treinar cães para as funções que hoje nos levam a esses estudos por meio da cinotecnia, ou seja, final do século passado e início deste.

Como surgiram oa cães de guarda

Foi devido às necessidades policiais e militares que se desenvolveu o trabalho de cães de guarda. Esse tipo de treinamento evoluiu em paralelo, mas completamente diferente daquele de cães de caça e de exposições. A influência militar no ensinamento de cães prejudicou, ao nosso ver, toda essa evolução, que nos outros campos já está bem mais adiantada, como no circo, por exemplo.

A grande vantagem que os cães de circo levam sobre os cães militares e policiais é que eles são ensinados a trabalhar sozinhos, sem a necessidade de estarem "junto" do treinador.

Os cães-guia para cegos também se desenvolveram muitíssimo. Hoje existe toda uma técnica de condicionamento bastante sofisticada para cães-guia, aplicada por institutos, associações, fundações, escolas e outros tipos de estabelecimento no mundo inteiro.

Até mesmo dentro das funções policiais, como não deixa de ser o cão de serviço aduaneiro, o desenvolvimento foi maior quando se abandonou as ordens de comando militares.

No Brasil, todas as informações sobre adestramento de cães foram passadas pelos militares europeus, através da Argentina, que hoje tem uma das melhores criações de cães Pastores Alemães do mundo e a maior da América Latina, o que explica muitos dos comandos espanholados como Quedate! e outros.

A influência norte-americana também se faz sentir na absorção dos comandos Siti! (sit!), Daum! (down!), Daufor! (downfo-rewards!) etc, assim como, por exemplo, a influência alemã no comando Foi! (pfui!).

A primeira reação brasileira as influências foi sentida quando da introdução, relativamente recente (vinte e cinco anos), dos comandos Junto!, Aqui!, Fica! e outros.

Devemos confessar nossa admiração pelos métodos alemães, apesar do forte militarismo neles contido. Não é que sejamos contra militares, como possa parecer. Já ministramos cursos para o Exército e para a Polícia Militar e nos sentimos muito honrados com o fato. Existem pessoas incríveis nas Forças Armadas. A nossa preocupação é com o método de treinamento ainda lá empregado pela forte influência de base. A nossa admiração é pelos autores etólogos Konrad Lorenz e Irenâus Eibl-Eibesfeldt, bem como os ingleses Solly Zuckerman e Paul Ley-hausen e os americanos Gregory A. Kimble e Cari S. Rogers.

O estudo das estruturas ético-sociais das espécies animais, a Etologia, tem, hoje, uma importância capital no trabalho de socialização e domesticação dos nossos companheiros de vida.

Nenhum comentário :

Postar um comentário