Quem manda em casa?

Todos nós, animais, aprendemos a viver duma mesma forma básica. Fixamos um objetivo e trabalhamos para alcançá-lo. Os objetivos são os mais variados e as formas de atingi-los também. Nada é feito gratuitamente. A recompensa (estímulo positivo) e o prêmio fecham o capítulo. Em seguida, fixamos o próximo objetivo.
Os objetivos (estímulos) podem ser fixados pela natureza: alimentação, autodefesa e perpetuação das espécies. Esses três objetivos básicos regem as leis da etologia moderna, na qual a psicologia abrange, em níveis diferentes, todas as espécies vivas.
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Durante os trabalhos, para atingirmos os nossos objetivos, encontramos as mais diversas dificuldades (estímulos negativos), com as quais aprendemos a conviver, superar, ultrapassar ou sucumbir, e tentarmos ajuda, sermos subvencionados (filhinhos de papai), ou mesmo sermos tutelados (inválidos), o que só acontece na espécie humana.
Os que perdem seus objetivos por invalidez psíquica têm duas alternativas: ou se marginalizam e se fecham em seu mundo (esquizofrênicos) e, de outra maneira, também transferem a tutela a terceiros, ou então, se suicidam.
O humano, por ser o mais desenvolvido intelectualmente, também arca com estímulos negativos mais pesados; por essa razão, sente-se capaz de dominar os outros animais, como também os outros humanos.
Sempre fomos dominadores inveterados. No começo puxávamos as fêmeas pelos cabelos, depois dominamos as tribos mais fracas e, em seguida, os ateus, os cristãos, mais tarde, os judeus, negros, peles-vermelhas, escravos, pobres, camponeses, operários. Enfim, o exercício da liderança e da hierarquia entre os humanos sempre foi muito complexo, tão complexo que, hoje, ternos alguns estudos bem aprofundados sobre o comportamento humano no exercício da hierarquia. Com Hitler, essa necessidade de domínio chegou às raias da tentativa de reestruturação genética do ser humano.
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Superproteger nosso cão é, como já vimos, tirar-lhe todas as chances de auto-sobrevivência, é aumentar enormemente o grau de sua dependência. Parece que o homem sente um certo prazer em manter dependentes. Quem já não ouviu alguém dizer: "Esse passarinho nasceu na gaiola, se eu o soltar ele morre!" Dito com orgulho.
O vira-latas aprende espantosamente bem a atravessar ruas complicadíssimas com mão e contramão, olhando para os dois lados, parando para carro passar e correndo, quando há chance, como nós fazemos. É a seleção natural metropolitana. Os cães que aprendem a sobreviver e a se alimentar na "cidade grande" são, portanto, os mais inteligentes e, quando acasalam, fazem a seleção genética pela capacidade de sobrevivência na metrópole. Por isso, os mestiços  são cães muito inteligentes.
Entretanto, é claro ser desnecessário deixar seu cão solto para atravessar ruas e arriscar a vida, mas entre isso e "não permitir” que algo de mal lhe aconteça existe uma imensa gama de posições que tornará nosso cão mais ou menos esperto, ou mais ou menos dependente.
A grande maioria dos proprietários de cães, ao decidir entre o desenvolvimento intelectual do seu "bicho de estimação" e a sua dependência, mede o grau do amor que o cão lhe dedica pela sua insistência em ficar grudado.
Na nossa opinião, pelo simples fato de ser alimentado de graça desde pequeno, o cão já é, basicamente, dependente, dispensando o autoritarismo (medo que o cão desobedeça quando adulto).
Todo cão doméstico que já elegeu o seu dono será automaticamente obediente, dentro dos nossos parâmetros, desde que o relacionamento com ele seja absolutamente coerente. Ele desejará agradar ao seu dono e tudo fará para merecer seu afeto.

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