Faça seu cão te entender!

As palavras significam para o cão aproximadamente a mesma coisa que o latido para nós, com uma desvantagem: nós temos a intenção e nos esforçamos para compreender a linguagem deles. Os cães não têm a intenção de compreender a nossa linguagem e, portanto, não se esforçam para tal. Não importa se a língua é de origem alemã, inglesa, portuguesa ou tailandesa.

Para termos uma ideia das dificuldades que um cão tem para perceber o que estamos tentando explicar quando apresentamos um exercício, por exemplo, buscar um objeto, trazê-lo e entregá-lo em nossas mãos, imaginemo-nos na Cochinchina tentando explicar a um cochinchinês o que é subterfúgio.

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A comunicação entre o homem e o cão

Os meios com os quais os cães se comunicam são: a voz, a postura, a mímica, os excrementos e a urina. Para compreender, o cão utiliza a visão, o olfato, a audição e a capacidade de percepção extra-sensorial (ESP - Extra Sensorial Perception).

O homem se serve da visão, da audição, do raciocínio e da formação cultural para perceber. A voz, a mímica, o prémio, o castigo e o raciocínio para se comunicar com os cães.

Acontece que o homem não preparado utiliza o raciocínio fundamentado em parâmetros humanos, enquanto o cão age sempre de acordo com seus instintos.

Mesmo que o cão esteja capacitado a aprender a mentir, adotar táticas estratégicas e disfarces, na agressão por defesa ele tem um comportamento ético muito claro e correto. Um cão nunca se aproxima com ares amistosos para poder morder. Se ele tem intenção de morder, demonstra-o muito antes de consumar o ato. Os mecanismos de defesa do cão são acionados por instinto no momento em que ele se vê ameaçado.

Usando o medo no adestramento

Alguns dos mais clássicos estudos sobre adestramento e comportamento canino mostraram, depois de numerosas pesquisas, que:

a) os medos condicionados manifestam diversas características de outras respostas condicionadas classicamente;
b) o medo servirá de motivação para a aprendizagem;
c) a redução do medo funciona como estímulo reforçador.

Um cão de guarda agride porque tem medo. Ele aprende a se defender agredindo o agressor. Os macacos babuínos, que são nômades e peregrinam em formação militar, colocam os mais medrosos no círculo mais externo da formação. Por serem covardes, são excelentes vigias e muito atentos.

Aprendizagem e obediência canina

Classicamente, define-se aprendizagem como uma mudança do comportamento, resultante de experiências anteriores, diante duma situação nova de execução duma tarefa.
Algumas definições teóricas descrevem a aprendizagem como a linguagem da neurofisiologia.

O aprendizado pode ocorrer sem a necessidade de uma resposta motora manifesta. A conclusão pela compreensão pode se manifestar, mais tarde, pela repetição dum mesmo comportamento diante duma situação de aprendizado semelhante.

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O caminho para o adestramento

A instrução de cães deve ser essencialmente pragmática: cada passo do exercício deve ser mostrado ao cão com a mais absoluta clareza. As repetições devem obedecer às mais rigorosas regras da coerência. O cão vai aprender suas tarefas pelo ensaio: sucesso/insucesso.

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Mecanismos de aprendizagem

  • Condicionamento clássico — formação de reflexos condicionados (Pavio v).
  • Condicionamento instrumental — aprendizagem pelo erro/êxito — pelas próprias atividades e experiências (Konrad Lorenz).
  • Aprendizagem latente — aproveitamento integral das habilidades naturais e individuais de cada animal (Paul Leyhausen).
  • Aprendizagem inteligente — utilização do raciocínio conclusivo (E. Eibesfeldt).

Educar o cão ou um filho?

O título do artigo de hoje parece estranho, mas vocês entenderão do que estou falando. Tenho visto constantemente, entre amigos, cachorros ocupando o lugar dos filhos. Não questiono o cuidado o qual deve ser mesmo adequado, mas determinados comportamentos de, por exemplo, dormir com cachorros ou gatos, gastar “rios de dinheiro” com roupinhas, camas de modelos e material especiais e por aí vai. Como diz meu sogro, cachorro é cachorro, gente é gente. Isso tem ficado bastante evidente nos artigos sobre comportamento canino que temos postado aqui.

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Quem manda em casa?

Todos nós, animais, aprendemos a viver duma mesma forma básica. Fixamos um objetivo e trabalhamos para alcançá-lo. Os objetivos são os mais variados e as formas de atingi-los também. Nada é feito gratuitamente. A recompensa (estímulo positivo) e o prêmio fecham o capítulo. Em seguida, fixamos o próximo objetivo.
Os objetivos (estímulos) podem ser fixados pela natureza: alimentação, autodefesa e perpetuação das espécies. Esses três objetivos básicos regem as leis da etologia moderna, na qual a psicologia abrange, em níveis diferentes, todas as espécies vivas.